Geração Saúde

Espaço informal dedicado ao Programa de Melhoria da Qualidade de Vida do MS/RJ

A Despedida de uma Estrela

Muitas faces de Dorinha Uma das estrelas do Grupo Fazendo arte aposenta este mês

Algumas vezes, conseguimos criar no ambiente de trabalho um clima tão familiar que esquecemos que aquele prazo de convívio diário tem validade. E, quando todas as atividades estão harmoniosamente acomodadas, o cruel fantasma da aposentadoria se apresenta. Não foi diferente com o Grupo Fazendo Arte que este mês se despede de um de seus maiores talentos:Dorinha. É essa eterna “cantora do Rádio”, com fã clube e tantos admiradores entre os colegas, que o Blog Geração Saúde homenageia com a estreia da coluna PMQV Entrevista.

Grupo Fazendo Arte

A agente administrativo Daurimar Maria Gomes de Siqueira, formada em História pela Universidade Federal Fluminense, casada há 29 anos com o comerciante Antonio Carlos, mãe de Elisa (23 anos) e de Raul (18 anos), ainda lembra os idos de 1984, quando ingressou no serviço público pelo concurso do extinto DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público). Foram tempos literalmente empoeirados, já que Dorinha teve como primeira função organizar processos antigos da Seção de Cadastro e Arquivo de Ativos que seriam encaminhados para o Arquivo Morto do também extinto INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social). Dessa época fala com ternura do único companheiro de função, Wilson Passos, que revela ter sido um parceiro bem humorado.

– Eu sempre trabalhei, e dou graças à Deus por isso, com pessoas que me fazem rir e eu gosto muito de rir. Pessoas sempre boas junto de mim em todas as seções que eu trabalhei – lembra sorridente.

Relata que mesmo após ser efetivada no setor, já com outros colegas, o ambiente era muito bom e nem sentia o tempo passar. “Saía de casa com vontade de vir trabalhar. Eu sempre gostei do meu trabalho, mas os meus colegas sempre contribuíram muito para isso”, completa.
Mas a experiência com bons ambientes de trabalho não começou no serviço público. Antes de prestar concurso, já havia trabalhado pelo menos por cinco anos, como recepcionista bilíngue no Hotel Canadá, em Copacabana, e como telefonista na empresa Eucatex, em Botafogo, enquanto aguardava ser chamada para assumir sua função pública.

.Primeiro emprego, trabalho como recepcionista bilingue. Primeiro emprego, trabalho como recepcionista bilingue.

– O Hotel foi o meu primeiro emprego. Eu era recepcionista. Fui trabalhar lá porque falava inglês.Tinha terminado o curso, trabalhava de uniforme, toda arrumadinha, lembra Dorinha. Também trabalhei na Eucatex, como telefonista. Lidava com aqueles antigos aparelhos de PABX, enquanto aguardava ser chamada para o concurso, estavam demorando a chamar, completa saudosa.

Inicialmente, entrou para a Seção de Cadastro de Pessoal, mas houveram ao longo desses anos várias mudanças de serviços, de seções, fusão da Direção Geral do Inamps com a Superintendência Regional, posterior mudança para o Ministério da Saúde, com a extinção do órgão de origem. Daurimar acompanhou as modificações ocorridas até chegar ao que é hoje.

De início, lembra que o serviço era de Pessoal Ativo e, como era estritamente burocrático, não lidava com o público diretamente. Mais tarde, passou para o Serviço de Inativos continuando apenas com serviços burocráticos. Depois de um certo tempo, passou a atender pensionistas.

Dorinha 1

– Quando eu fui trabalhar na Pensão (Serviço de Inativos e Pensionistas) é que tive contato com as pensionistas e foi um trabalho muito gratificante porque as pessoas que dão entrada nos processos querem que aquilo saia logo, seja por necessidade, por algum problema. E, quando eu me coloquei nesse serviço e pegava algum processo que tinha algum obstáculo, eu ia procurando, ia para tudo que é lugar procurar informação, me embrenhando naquelas microfichas e enquanto eu não achava aquela informação que tinha que ter no processo, eu não sossegava, porque sabia que do outro lado tinha uma pessoa que estava esperando um resultado meu, não só meu, como de todo mundo, mas naquele momento eu era imprescindível, relata emocionada.

Fazendo Arte em sua vida

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De início, a participação no grupo foi apenas como auxiliar na maquiagem, contudo, a empolgação do palco e o movimento de preparação dos espetáculos vistos de fora motivaram a entrada para uma produção no ano seguinte. Dessa forma despontou uma das mais talentosas figuras do grupo de teatro amador, respeitada por colegas e professores.

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– Aconteceu quando eu fui assistir Tantos Amores (2008). Eu ajudei a maquiar, fiquei só no apoio. Na época da Ópera do Malandro (2009), eu fui a convite da Denise (Araújo) e não é que eu gostei, constata sorridente. E quando me perguntam se eu fico com vergonha, eu digo que não, porque o palco é como se fosse o quintal da minha casa. Eu estava à vontade. Eu digo: gente, isso aqui é muito gostoso! Fora o que você ri, o que você brinca.

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Sua primeira atividade foi logo na superprodução Ópera do Malandro, que comemorou o Dia do Servidor Público, em Outubro de 2009. Seguiram espetáculos como, Rabanadas Natalinas, Hair – Os Sobreviventes, Cantoras do Rádio, Clara Nunes – Uma Mulher Guerreira, Haja Hoje para Tanto Hontem, Elas, Eles, Elis, È Samba Rock, meu irmão!, Sarau Literário II e III, esquete Um tapinha não dói e participações especiais em Lis e a Greve de Sexo e em O Santo e a Porca.

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Espaço Casa de Elisa

Dentre as promessas de fazer ginástica, aulas de trabalhos manuais, com certeza, umas das próximas atividades de Dorinha como aposentada do Ministério da Saúde será a dedicação às causas sociais. Para tanto, já tem encaminhada a criação de um centro de convivência para idosos, o Espaço Cultural Casa de Elisa, que ocupará o local de sua antiga residência, no município de São Gonçalo – RJ. A ideia de criar um espaço onde as pessoas de mais idade tivessem atividades lúdico-terapêuticas e sociais surgiu durante a realização de um curso à distância sobre elaboração de projetos.

– Naquela época eu achei que onde eu morava essa parte cultural era muito fraca, as pessoas não tinham muita opção, comenta. Espero que dê certo porque lá tem muita falta disso. Não tem opção.

O projeto já está encaminhado e, possivelmente, será uma Organização Não-Governamental que irá oferecer aulas de artesanato, de dança, palestras, apresentações teatrais, entre outras atividades, para as quais Dorinha terá a ajuda dos atuais parceiros do Fazendo Arte. A escolha do nome ficou por conta da popularidade da filha Elisa entre os amiguinhos, então adolescentes, que costumavam eleger a casa como local preferido para reuniões, festividades e eventos. Se depender da empolgação, o empreendimento já é um sucesso.

– Sabe quando você acha que está faltando alguma coisa? Esse projeto (Casa de Elisa) está me tomando um tempo assim, uma coisa que eu acho que vai ser legal e eu tenho sempre esse lado de ajudar pessoas, explica Dorinha. Eu tinha vontade de fazer algo que entrasse de cabeça, de fazer um voluntariado ou uma vez por semana, ir a um orfanato ou a um asilo, porque eu acho que tem tanta gente que está precisando. Eu me vejo mais pra esse lado do idoso, confessa a futura promotora cultural.

A relação com idosos remonta os tempos de convivência com a avó, com quem aprendeu a ouvir e gostar de histórias, influência para a escolha da faculdade de História.

– Minha avó morreu com 84 anos e eu tive esse privilégio de conviver com ela. Eu gostava de ouvir as suas histórias. Eu ia para casa dela e dizia: vovó conta como era naquela época. Eu acho que o idoso tem coisa pra contar. Eu acho que eu fazendo isso vai ser muito prazeroso pra mim, pra eles e todo mundo vai sair ganhando.

Verdade. Todos sairão ganhando, a exceção de seus colegas de trabalho que a partir de Março perderão a sua calorosa companhia diária.

As muitas faces de uma estrela

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8 comentários em “A Despedida de uma Estrela

  1. Não sei se choro não sei se sorrio,só sei que está “Homenagem ” me deixou muito emocionada, orgulhosa e feliz, por ter feito da minha vida profissional uma coisa boa de ser lembrada.
    Agradeço a todos os meus amigos que me acompanharam nesta caminhada e especialmente à Claudinha ( Fãzona) que me proporcionou este momento ,fazendo me sentir uma verdadeira estrela.

    Obrigada.
    Um beijo grande,

    Dorinha.

    1. Você merece tudo isso e muito mais, não só pelo trabalho que que exerceu ao longo desses anos, mas pela pessoa legal que você é. Sei que falo pelo grupo quando digo que sentiremos muito a sua falta. Sucesso!

  2. Nossa Claudinha voce se superou, esta montagem com as fotos de Dorinha foi genial e ela merece. Beijos, parabéns as duas e sucesso para Dorinha em sua nova etapa de vida.

  3. Claudinha que lindo texto, fiquei muitíssimo emocionada com a homenagem a nossa querida amiga. Dorinha é uma das pessoas mais incríveis que já conheci, amiga, carinhosa, prestativa, humana, generosa, inteligente, talentosa, entre outras qualidades, uma grande parceira. Parabéns pela iniciativa ela merece a homenagem. Beijos.

  4. Siiiiiiiiiimmmmmmmmmmm… fico muito feliz com TUDO… com o novo voo da Dorinha… e seus novos horizontes… e com a sua trilha percorrida neste Serviço que nos permitiu presenciar e compartilhar tantos momentos bons… sempre com alegria e suavidade… e não vai ser diferente, daqui p frente… “sinto muito, Erasmo”… Delícia sentir que pude tietar nossa estrela… clicando e recebendo autógrafos… aliás… “afinadíssimos”!!! Obrigada pela jornalista que nos representou e Aquele Abraço de despedida, Dorinha!!! Beijos queridos da sua tiete: Silvia Faria

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